Introdução
Universidade Federal da Bahia realizará, nos dias 3 e 4 de maio, processo para escolha de Reitor e de Vice-Reitor. Esse processo se realiza em um momento no qual uma nova reforma universitária – que disciplina os papéis de entes públicos e privados na educação superior, ambos sujeitos às regras de mercado – está em fase avançada, enquanto a Organização Mundial do Comércio negocia a inserção dos serviços educacionais no rol das commodities vendidas nos mercados globais. Um conjunto de outras reformas, chamadas por muitos de modernização conservadora, atinge homens e mulheres, jovens e idosos. Os postos de trabalho diminuem com a automação acelerada; aumenta-se a idade para aposentadoria e, à juventude é imposto o trabalho temporário. Não sem motivo, mesmo no ambiente de apatia e dispersão que caracteriza os nossos tempos, aqui e acolá explodem focos de resistência. Em passado recente, no Brasil e em diversos países da América Latina e da Europa, mudanças regressivas de direitos sociais e do trabalho e dos regimes previdenciários – seguindo a agenda neoliberal globalizada – motivaram movimentos de resistência. Atualmente, a França vive grande agitação com a mobilização da população jovem contra as novas regras para o primeiro emprego - de novo a agenda neoliberal – que também nos atinge opressivamente. No nosso País, que não conheceu as benesses do estado de bem-estar social, característica da social democracia européia, uma parte expressiva da nossa população desconhece a existência do Estado. A redução e precarização de postos de trabalho e a flexibilização de direitos sociais têm levado à exclusão de significativas parcelas da população. Essa exclusão se manifesta na baixa qualidade ou mesmo inexistência de muitos dos serviços fundamentais para uma vida digna, dentre os quais se destacam saúde, moradia, educação e justiça. Os processos industriais, a produção e a utilização desmedida de uma quantidade cada vez maior de energia têm levado a uma degradação acentuada do meio ambiente. Os efeitos dessa degradação, objeto de preocupação nos ambientes acadêmicos e tecnológicos, manifestam-se de forma contundente na vida do planeta. É neste contexto, de crise e de subordinação das políticas públicas à agenda do neoliberalismo, que a comunidade universitária realizará a sua escolha de Reitor e de vice-Reitor, no sexagésimo ano da Universidade Federal da Bahia. As incertezas do mundo atual certamente interferem nas suas atividades precípuas. O caminhar na direção da maturidade e da qualidade acadêmica, mantendo-a pública, autônoma, democrática, laica, socialmente referenciada e que contemple as demandas dos diversos segmentos sociais, sobretudo das camadas pobres, – a universidade necessária – é a proposta de trabalho aqui apresentada. Isto posto, cabe introduzir os quatro eixos principais para a nossa gestão, representados pelas seguintes expressões estruturantes
Autonomia e Financiamento Público Cultura e Democracia Universitárias Olhar o Presente, Pensar o Futuro
Essas expressões interdependentes constituem o amálgama da construção permanente de uma universidade a serviço da sociedade.
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